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Na época do Império, a família Dias
Coelho e Mello, que tem uma ramificação com os Rollemberg, interagia com
diversas figuras da república, como o ex-presidente Getúlio Vargas, que chegou
a se hospedar na residência de Gel Maynard em Aracaju durante sua campanha
presidencial. Leandro Maynard Maciel, que na ocasião era governador de Sergipe,
foi indicado para o cargo de vice-presidente na chapa de Jânio Quadros, mas
acabou por renunciar em favor de Milton Campos.
Além disso,
conforme as informações disponíveis a respeito das famílias, estima-se que
cerca de 31 personalidades relevantes na política tenham surgido delas. É claro
que esse número não inclui aqueles considerados “menos ilustres” ou cujas
informações não foram acessíveis. Dentre esses 31 políticos, 19 se destacaram
no cenário político nacional, tanto durante o período imperial quanto na
república. Desses, 12 atuaram no Senado, 06 exerceram a função de Deputado
Federal, e apenas 01 não participou de um processo eleitoral, sendo nomeado pelo
presidente João Goulart como Ministro do Supremo Tribunal Federal de Recursos
em 1963: Armando Leite Rollemberg, que contou com a indicação de colegas na
câmara federal, incluindo Oliveira Brito (SANTOS, 2002, p. 134). Os outros 12
políticos que fazem parte dos grupos familiares e não atingiram projeção
nacional são 4 prefeitos de municípios sergipanos, um prefeito de Taquaritinga
em São Paulo, Joaquim Machado de Faro Rollemberg, 01 vice-governador da antiga
província de Sergipe, 01 governador de Sergipe, 01 secretário de Governo
Provincial, 02 vereadores e 02 deputados estaduais. É importante destacar que a categorização apresentada distingue,
de um lado, os indivíduos que ocupavam funções de "competência
nacional", como Senador, Deputado Federal e Ministro, e, de outro, aqueles
que não exerceram esses cargos, levando em consideração a posição mais alta que
cada um alcançou.
Entre as estratégias
de reprodução social, que abrangem áreas como educação e economia, a mais
utilizada e valorizada por essas famílias são as alianças matrimoniais feitas
com membros de outras linhagens proeminentes. Essas alianças constituem uma
"estratégia de grande investimento social" (BOURDIEU, 1994 apud
SEIDL, 2002, p. 8), ajudando na preservação e expansão dos recursos econômicos
e simbólicos da família. O casamento pode unir descendentes de famílias
"tradicionais" que detêm propriedades ou fortificar laços políticos,
além de estabelecer conexões matrimoniais entre indivíduos da mesma família,
mantendo os recursos familiares dentro do círculo.
Nesse contexto,
a união matrimonial que ocorreu entre os membros das famílias Dias Coelho e
Mello e Rollemberg possibilitou um significativo "projeto" econômico,
político e social. O primeiro casamento, entre Amélia Dias e Mello
[Rollemberg], que era filha do Barão de Estância, e José de Faro Rollemberg,
conectou duas famílias de Barões. De um lado estava a família Dias Coelho e Mello,
que possuía um duplo baronato — Cel. Domingos Dias Coelho e Mello (Barão de
Itaporanga) e Antônio Dias Coelho e Mello (Barão de Estância) — e, do outro, a
família do Barão de Japaratuba, Gonçalo de Faro Rollemberg, avô do noivo.
Além disso,
de acordo com as ações sociais e políticas dos Rollemberg, existe também um
aporte financeiro, como demonstra Albuquerque (2003-2008). Antes de falecer, o
Barão de Estância deixou uma considerável herança para sua filha mais velha,
Amélia Dias Rollemberg, com itens notáveis como o Engenho Escurial, um dos
principais produtores de açúcar da região. O segundo grupo foi formado por
Aurélia Dias, chamada D. Sinhá, e Gonçalo de Faro Rollemberg, representando um
investimento social e material significativo, visto que o noivo era médico e
herdeiro do engenho Topo, notável por sua produção de açúcar na Contiguiba,
além de possuir ¼ dos bens do casal nobre Dias Coelho e Mello, pais de D.
Sinhá.
Ademais,
houve a união entre Lígia Maynard Gomes e José Garcez Vieira — um Garcez e uma
Maynard. José, genro do General e ex-governador de Sergipe, Augusto Maynard
Gomes, que se destacou na política através das revoltas tenentistas e sua
estreita relação com o presidente Getúlio Vargas, tornou-se prefeito de Aracaju
após ser nomeado em 1940. É sabido que ele representou a Ford em Sergipe, tendo
chegado a vender o negócio para a família Teixeira. Após seu período na
prefeitura, dedicou-se a atividades pecuárias na Fazenda São José, herdada de
seu pai.
As Grandes Famílias Sergipanas
No que se refere à
família Franco, o primeiro registro de um membro em Sergipe, confirmado por
documentos antigos, segundo o historiador Ricardo Teles Araújo em seu livro intitulado de "Famílias Sergipanas no Período Colonial
(2002)", remonta a João Gonçalves Franco. De acordo com a Relação do rendimento
do açúcar dos engenhos entre 1754 e 1755, elaborada por José Antônio Caldas,
ele possuía o engenho Serra Negra em 1788, situado no “Partido de Garajau”,
onde havia um porto significativo para o embarque de açúcar produzido em Santo
Amaro das Brotas. No entanto, não há informações sobre sua data de nascimento
ou naturalidade, apenas se especula que outro João Gonçalves Franco (II),
nascido por volta de 1760 e filho de Manuel Ferreira da Cruz — primeiro
proprietário do engenho —, fosse seu neto.
Com base nas informações genealógicas, a família Franco apresenta vínculos
distantes com os Maciel e os Sá, da qual provém o nobre português Mem de Sá, e,
principalmente, com os Prado Pimentel. Na verdade, os laços entre Franco e
Prado Pimentel se entrelaçam de maneira tão intensa que seria mais apropriado
referir-se a ela como família Prado Pimentel Franco. O morador mais antigo da
província de Sergipe dessa linhagem, comprovado por registros históricos, foi
Albano do Prado Pimentel, junto com seu irmão, o Sargento-mor Antônio Coelho do
Prado.
De modo geral,
os membros da família Franco estão inicialmente associados aos engenhos de
cana-de-açúcar, sendo também proprietários do Engenho Palmeiras, em
Laranjeiras, assim como dos engenhos Camaçari e Pinheiro, pertencentes aos
Pimentel Franco. A partir da metade do século XX, a família começou a ocupar
posições de destaque na cena política, o que possibilitou o acesso a uma
variedade de recursos sociais além dos derivados da produção açucareira.
Por sua vez,
a família Garcez não possui registros claros sobre sua origem no Brasil, embora
um dos ramos mais antigos remonte a Bento Garcez, no Rio de Janeiro, no século
XVI. Também há registros em São Paulo, Goiás, Bahia e Rio Grande do Sul. Em
Sergipe, destaca-se Dr. Martinho de Freitas Garcez, mencionado por Armindo
Guaraná (1925), nascido em 1810 no engenho Comandaroba, em Laranjeiras.
Já no século XX,
a família Garcez continuou sua participação na vida política, sendo notável a
figura de Arnaldo Rollemberg Garcez (Arnaldo Barreto Garcez), cuja trajetória
política ilustra a ampliação das redes familiares e simbólicas em Sergipe.
Quanto à
família Maynard, acredita-se que seja de origem britânica. Em Sergipe, há uma
linhagem com o mesmo nome, incluindo o Desembargador Dr. João Maynard, nascido
no engenho “Saco”, em Rosário do Catete, em 1878. A família Maynard
consolidou-se politicamente entre as décadas de 1930 e 1960, mantendo laços com
figuras centrais como Getúlio Vargas e D. Pedro II.
Por fim, em
relação à família Rollemberg, segundo Ricardo Teles Araújo (Famílias Sergipanas do Período Colonial,
2002), suas origens são provavelmente germânicas. O primeiro registro de um
Rollemberg em Sergipe remete a Manuel Rollemberg, nascido em 1713, proprietário
de engenhos na região de Santo Amaro e Garajau. Ao longo dos séculos XVIII e
XIX, os Rollemberg destacaram-se como senhores de engenho e figuras políticas,
com ramificações nas famílias Botto, Barros Pimentel e Leite, consolidando-se
entre as mais influentes do estado.
Texto de Eugênio Pacelly Alves
Referências bibliográficas:
BOURDIEU, P. &
SAINT MARTIN, M. “La sainte famille: l’épiscopat français dans le champ du pouvoir”,
in: Actes de la Recherche en Sciences Sociales, nov. 1987.
SANTOS, Osmário.
Memórias de Políticos de Sergipe no século XX. Organização de Afonso Nascimento.
Aracaju: Gráfica JAndrade, 2002.
SEIDL, E. A construção
de uma ordem: o exército brasileiro o nascimento da “meritocracia” (1850-1930),
in: Ciências & Letras, n. 37, 2005.

