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terça-feira, 2 de setembro de 2025

Frederick Charles Glass

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Frederick Charles Glass, nascido aproximadamente em 1891, é filho de Charles John Glass e Mary Anne Biggs. Em 1ª núpcia foi casado com Dorothy Claxton Glass, ela sendo filha de Anna Claxton Fidler. Desse matrimônio tiveram 06 filhos. São eles:

1. Eva Glass

2. Charles Glass

3. Fred Glass

4. David Glass

5. Phillip John Glass

6. George Harold Glass

Frederick, em 2ª núpcia se casou com Fanny Crawley, ela sendo filha de Thomas Toulson e Katherine Toulson.

Frederick Charles Glass se destacou como um dos colportores mais conhecidos no Brasil. A sua tarefa de disseminar as Escrituras Sagradas foi registrada em seus livros: "Adventures with the Bible in Brazil", "With the Bible in Brazil", "A Thousand Miles in a Dug-Out" e "Through the Heart of Brazil".

Os colportores eram indivíduos que percorriam comunidades, vendendo Bíblias e obras de literatura cristã. Muitos deles foram recrutados pela Sociedade Bíblica Britânica e pela Sociedade Bíblica Americana.

O livro "Adventures with the Bible in Brazil" foi publicado no Brasil sob o título "Aventuras com a Bíblia no Brasil". Ele era missionário da South American Evangelical Mission e colportor pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.

Frederick Glass, natural da Inglaterra, chegou ao Brasil em 1892, contratado por uma grande companhia ferroviária brasileira, e ainda não havia se convertido.

O Sr. Glass firmou um contrato com uma companhia britânica no setor de mineração em Minas Gerais.

Foi através de um evangelista canadense chamado Reginald Young que o Sr. Glass decidiu se entregar a Cristo.

Quando sentiu o chamado para o trabalho missionário, ele hesitou, pois ainda tinha um contrato de mais dois anos com a empresa de mineração. Glass sofreu uma intoxicação por hidrogênio arsenicado e milagrosamente se recuperou sem assistência médica. Assim, a companhia de mineração optou por cancelar seu contrato, permitindo que ele seguisse sua missão sem impedimentos, visto que como colportor precisava viajar extensivamente pelo Brasil.

Em uma entrevista ao renomado jornal Diário de Pernambuco (edição nº 262 de 7 de novembro de 1943), o jornalista A. Malta fez uma reportagem intitulada "Um missionário inglês entre índios brasileiros", onde o próprio Sr. Glass compartilha detalhes de sua experiência no Brasil. Nessa reportagem, é mencionado como o Sr. Glass começou a atuar como colportor:

“Em 1898, Frederick Charles Glass fez sua primeira jornada como vendedor de Bíblias, viajando a cavalo de Ouro Preto a Vitória, no Espírito Santo. ‘Entretanto, era bastante complicado convencer os clientes com meu português difícil’. No ano seguinte, ele percorreu de trem de Petrópolis a Araguari, onde adquiriu sete animais e os usou para atravessar o estado de Goiás. Depois, conseguiu entrar no estado de Mato Grosso, onde teve seu primeiro contato com os índios brasileiros – os bororós, nas proximidades das nascentes do rio das Mortes. ‘Não vi os indígenas, mas os ouvi me acompanhando pelo mato à beira da estrada. Foi perto de Cuiabá que encontrei um índio pela primeira vez.’"

Frederick Charles Glass passou um bom tempo entre os indígenas e escreveu vários livros dedicados a narrar suas experiências, especialmente com os índios Carajás.

O Rev. Frederick C. Glass iniciou, em 1909, uma viagem pelas áreas do Araguaya com a intenção de explorar a viabilidade de fundar uma missão da igreja evangélica, à qual ele pertence, entre os índios Carajós, que estavam até então esquecidos. O resultado dessa investigação sagrada foi publicado recentemente neste curioso livro, que, embora tenha um foco religioso, também serve como um belo repositório de fatos, histórias e observações sobre os descendentes dos primeiros habitantes do Brasil. O Sr. Glass navegou pelo Araguaya e visitou a Ilha do Bananal, onde as tribos carajós se encontraram em esconderijo.

Um encantador artigo, escrito por Frederick Charles Glass, intitulado "Atravez do Territorio dos Indios Carajás," foi divulgado no Jornal Batista em 18 de dezembro de 1919. O missionário Frederick C. Glass faleceu em 1960 e foi enterrado no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, no Cemitério dos Ingleses, localizado na Gamboa.



Texto de Patrício Holanda




Referências bibliográficas:

Atravez do território dos índios. Disponível em: >(https://femissionaria.blogspot.com/2021/07/atravez-do-territorio-dos-indios.html)<. Acesso em 12 de janeiro de 2024.

Frederick Charles Glass. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/9Z39-79Q)<. Acesso em 12 de janeiro de 2024.

A trajetória da evangelização indígena no Brasil. Disponível em: >(https://missoesnacionais.org.br/noticias/exposicao-todos-os-povos-a-trajetoria-da-evangelizacao-indigena-no-brasil/)<. Acesso em 12 de janeiro de 2024.

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Genealogia de Belchior Gonçalves Pereira de 1757 a 1860

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Belchior Gonçalves Pereira, nascido aproximadamente em 1757, filho de Manuel Gonçalves de Araújo e Antônia Correia de Carvalho. Casou-se com Josefa Ferreira da Cruz, ela sendo filha de José Ferreira da Cruz e Luíza Pereira. Desse matrimônio tiveram 07 filhos. Neste breve ensaio genealógico da grande família de Belchior, iremos mencionar 01 filha e sua descendência. É ela:

1. Maria Gonçalves Pereira, nascida aproximadamente em 1765 e se casou com Bernardo Álvares Pereira, ele sendo filho de Domingos Álvares Pereira e Bertolesa Correia de Carvalho. Desse matrimônio tiveram 07 filhos. São eles:

1.1. Ignácio Alves Pereira, nascido aproximadamente em 1780 em Sobral/CE e se casou com Joana Maria do Espírito Santo, ela sendo filha de José Álvares Pereira e Eugênia de Britto Passos. Desse matrimônio tiveram 01 filho. É ele:

1.1.1. Francisco Manoel do Espírito Santo, nascido aproximadamente em 1800 e se casou com Francisca Maria de Jesus, ela sendo filha de Domingos Pereira de Souza e Joana de Brito Passos. Desse matrimônio tiveram 05 filhos. São eles:

1.1.1.1. Vicente Bernardino de Brito, nascido aproximadamente em 1819 e se casou com Maria Cândida de Brito, ela sendo filha de Cassimiro Rodrigues Lima e Rita Rodrigues Lima. Desse matrimônio tiveram 08 filhos. São eles:

1.1.1.1.1. Cacimiro de Assis Brito, nascido em 1845 em Sobral/CE.

1.1.1.1.2. Francisca Bernardina de Brito, nascida em 1847 em Sobral/CE e se casou com Raimundo Rodrigues Lima, ele sendo filho de Cassimiro Rodrigues Lima e Rita Rodrigues Lima. Desse matrimônio tiveram 02 filhos. 

1.1.1.1.3. Idalina Bernardina de Brito, nascida aproximadamente em 1850 em Sobral/CE e se casou com Onofre Rodrigues de Paula. Desse matrimônio tiveram 04 filhos. 

1.1.1.1.4. Honório Bernardino de Brito, nascido aproximadamente em 1852 em Sobral/CE e se casou com Raymunda Lucas de Brito, ela sendo filha de Joaquim Lucas de Brito e Maria Craveiro Ferraz. Desse matrimônio tiveram 07 filhos. 

1.1.1.1.5. Zozima, nascida em 1853 em Sobral/CE.

1.1.1.1.6. Vicente Bernardino de Brito Filho, nascido em 1855 em Sobral/CE e se casou com Raimunda Alves de Brito, ela sendo filha de Francisco Alves de Sousa e Carolina Rodrigues Lima. Desse matrimônio tiveram 02 filhos. 

1.1.1.1.7. Frederico, nascido em 1858 em Sobral/CE.

1.1.1.1.8. Raimundo


1.1.1.2. Francisco Alves de Sousa, nascido aproximadamente em 1835 e se casou com Carolina Rodrigues Lima, ela sendo filha de Ignácio Rodrigues Lima e Maria Alves Pereira. Desse matrimônio tiveram 06 filhos. 

1.1.1.3. Francisca Alves Pessoa, nascida aproximadamente em 1840 e se casou com Thomé Ferreira de Azevedo. Desse matrimônio tiveram 02 filhas. 

1.1.1.4. Joaquina Alves de Brito, se casou com Manuel Camilo de Sousa. Desse matrimônio tiveram 02 filhos. 

1.1.1.5. Maria Florinda do Espírito Santo, se casou com José Prudêncio da Silva. Desse matrimônio tiveram 01 filho. 


1.2. Bertholeza, nascida aproximadamente em 1800.

1.3. Maria, nascida em 1804 em Sobral/CE.

1.4. Jozé Pereira, nascido aproximadamente em 1808.

1.5. Domingos Alves Pereira, nascido aproximadamente em 1810 e se casou com Eugênia Gonçalves Pereira, ela sendo filha de Luíza Gonçalves Pereira. Desse matrimônio tiveram 01 filha. É ela:

1.5.1. Francisca Alves Pereira, nascida em 1851.


1.6. Angélica, nascida em 1813 em Sobral/CE.

1.7. Quitéria Gonçalves Pereira, se casou com Raimundo da Cunha, ele sendo filho de Antônio da Cunha e Francisca da Cunha.



Texto de Eugênio Pacelly Alves




Referências bibliográficas:

Belchior Gonçalves Pereira. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/LYYV-3MF)<. Acesso em 12 de janeiro de 2024.

Josefa Ferreira da Cruz. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/LYYV-CKP)<. Acesso em 12 de janeiro de 2024.

Maria Gonçalves Pereira. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/G4YG-K1R)<. Acesso em 12 de janeiro de 2024.

Os Pereiras, numerosos descendentes sefarditas. Disponível em: >(https://martinscastro.pt/blogs/familia-pereira/)<. Acesso em 17 de janeiro de 2024.

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Livreto Maria Acauã para Crianças

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Nos próximos meses de 2025, o livreto Maria Acauã para Crianças será lançado na versão impressa, prometendo cativar jovens leitores e também tocar os corações dos adultos. A obra é escrita por Edson Carlos Alves e Eugênio Pacelly Alves, com ilustrações encantadoras de Milena Marques, apresentando de maneira lúdica e poética a inspiradora trajetória de Maria Acauã, uma figura emblemática da cultura sertaneja nordestina.

A história começa no interior de Pernambuco, na Fazenda Araújo, onde MariaMadalena Chaves, que mais tarde será conhecida como Maria Acauã, cresceu em meio à beleza e a caatinga do sertão. Desde a infância, destacava-se por sua bravura, espírito de aventura e habilidade de sonhar além das limitações da sua época.

Quando tinha 14 anos, Maria encontra Pedro José, um jovem escravizado que trabalhava nas terras de sua família. Desafiando todas as normas sociais e enfrentando o preconceito de seus pais, Maria e Pedro se apaixonam intensamente. Esse amor, embora proibido, é genuíno e leva os dois a tomar uma decisão audaciosa: escapar em busca de liberdade para construir sua própria narrativa.

A fuga foi repleta de dificuldades. Após dias sob o calor intenso do sertão, enfrentando florestas densas e montanhas traiçoeiras, Maria e Pedro superaram as incertezas do futuro motivados pelo poder do amor e pela esperança. Por fim, conseguiram abrigo no Engenho dos Capuxús, que hoje corresponde à Serra de Nova Fátima, onde puderam viver em paz e estabelecer um legado de coragem e determinação que ainda ressoa nos dias atuais.

Mais do que uma simples história de amor, Maria Acauã para Crianças convida à reflexão sobre valores fundamentais como resiliência, a luta pela liberdade e a importância de seguir o coração. A narrativa ilustra que, mesmo em face das maiores dificuldades, é viável sonhar e moldar um futuro diferente, guiado pelo amor e pela esperança.

O livreto, destinado às crianças descendentes da família Capuxú da Serra dos Cocos, no Ceará, utiliza uma linguagem acessível e encantadora, permitindo que os jovens leitores se aventurem em um mundo repleto de emoções, experiências e descobertas.

Com o lançamento marcado para este ano de 2025, a editora GuardaChuva reafirma seu compromisso de resgatar histórias que valorizam a memória cultural, enquanto instiga o público infantil a apreciar a leitura e a rica história de nosso povo.

Seja para ser apreciado em família, nas instituições de ensino genealógico ou de maneira autônoma, Maria Acauã para Crianças é uma criação que motiva, toca o coração e demonstra que o amor autêntico jamais pode ser contido.



Texto de Eugênio Pacelly Alves




Referências bibliográficas:

Pedro José de Carvalho. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/LC6L-9Q2)<. Acesso em 12 de janeiro de 2021.

Maria Madalena Chaves. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/9DHW-SL3)<. Acesso em 12 de janeiro de 2021.

Família Carvalho de Nova Russas. Disponível em: >(Família Carvalho de Nova Russas (GuardaChuva Educação))<. Acesso em 08 de agosto de 2024.

sábado, 23 de agosto de 2025

Família Linhares do Vale do Acaraú

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A família Linhares oriunda do Vale do Acaraú, localizado no Ceará, tem suas raízes em Dionísio Alves e seu genro Domingos da Cunha, que nasceram em uma região portuguesa do Alto Minho, banhada pelo rio Coura, um pequeno afluente que corre pela margem esquerda do Minho, separando a Galícia do norte português.

Esta área, pertencente ao município de Paredes de Coura, fica a oeste da sede municipal e é composta por duas freguesias adjacentes: Cossourado, sob a proteção de Santa Maria, e Linhares, sob a proteção de Santa Marinha, ambas limitando com o município de Valença, que faz fronteira com a Espanha. Dionísio Alves, natural de Cossourado, e seu genro Domingos da Cunha, que é de Linhares, estabeleceram-se no Brasil, mais especificamente no sítio Rodrigo Moleiro, nas proximidades de Natal, no Rio Grande do Norte. Formaram as linhagens Alves Linhares e Cunha Linhares, que se uniram em uma única família, por meio de vários casamentos entre membros da mesma prole. Os Alves Linhares têm raízes em Cossourado, enquanto os Cunha Linhares provêm de Santa Marinha de Linhares, ambas localidades no município de Paredes de Coura. 

Dionísio Alves Linhares, o primeiro a emigrar para o Brasil, casou-se em Natal com Rufina Gomes de Sá, e dessa união nasceram dois descendentes: Dionísia Alves Linhares e Antônio Alves Linhares. Ambos se deslocaram para a Ribeira do Acaraú, onde Dionísia uniu-se em matrimônio a Domingos da Cunha Linhares no dia 09 de janeiro de 1736, enquanto Antônio, ainda solteiro, casou-se ali com a viúva Inês Madeira de Vasconcelos.

Todos os Linhares do Ceará são descendentes desses dois casais. Apesar de Dionísio Alves e seu genro Domingos da Cunha terem escolhido adotar o sobrenome Linhares ao chegarem ao Brasil, eles não eram da mesma família, mas sim acrescentaram ao final de seus nomes a denominação da região portuguesa de onde vinham, como homenagem a sua terra de origem. 

Conforme mencionam os historiadores Pe. Sadoc de Araújo e Mário Linhares, Dionísio chegou ao Brasil no começo do século XVII, fixando residência em Natal, no estado do Rio Grande do Norte, onde contraiu matrimônio com Rufina Gomes de Sá, filha do Capitão Francisco Gomes e de Maria Gomes de Sá, na igreja matriz de Nossa Senhora da Apresentação, que atualmente é a Catedral. Ele possuía propriedades no Rio Grande do Norte, era Cavaleiro da Ordem de Cristo e Capitão-mor, sendo considerado de respeitável nobreza, como pode ser conferido no Livro das Miscelâneas da Ouvidoria Geral de Pernambuco.


Ancestralidade e descendentes de Dionísio Álvares Linhares

Pais: portugueses Domingos Alves e Margarida Alves

Filhos: Dionísia Álvares Linhares (1721), Antônio Álvares Linhares (1723), Padre Dionísio da Cunha e Araújo e Augusto Linhares da Cunha

Netos: Padre Manoel da Cunha Linhares (1737), Antônio Gonçalves da Cunha Linhares (1738), Juliana Maria da Cunha Araújo (1739), Padre Domingos da Cunha Linhares (1740), Suzana Maria de Araújo (1743), Maria Soledade da Cunha Linhares (1746), Maria Gomes de Araújo (1751), Josefa Maria de Jesus Linhares (1752), Capitão Inácio Gonçalves da Cunha Linhares (1755), Manoel Francisco de Miranda Henriques (1756), Ana Maria da Trindade Linhares (1762), José Álvares Linhares (1752), Diogo Alves Linhares (1760), Inês Madeira de Vasconcellos Linhares (1763), Francisco Antônio Linhares (1765) e Antônia Maria do Espírito Santos Linhares (1769). 


Ancestralidade e descendentes do Capitão-mor Domingos da Cunha Linhares

Pais: espanhol Jacinto Gonzales Meduina e a portuguesa Susana da Cunha e Araújo

Filhos: Padre Manoel da Cunha Linhares (1737), Antônio Gonçalves da Cunha Linhares (1738), Juliana Maria da Cunha Araújo (1739), Padre Domingos da Cunha Linhares (1740), Suzana Maria de Araújo (1743), Maria Soledade da Cunha Linhares (1746), Maria Gomes de Araújo (1751), Josefa Maria de Jesus Linhares (1752), Capitão Inácio Gonçalves da Cunha Linhares (1755), Manoel Francisco de Miranda Henriques (1756) e Ana Maria da Trindade Linhares (1762)

Netos: Miguel Lourenço Gomes (1760), Manuel Lourenço Gomes (1762), Joaquim dos Reis Gomes (1764), Domingos da Cunha Linhares (1765), Rita Tereza da Cunha (1768),  Alferes Antônio Rodrigues Lima (1764), Ana Maria da Soledade (1767), Teresa Maria da Soledade (1770), João Rodrigues Lima (1772), Bárbara Maria da Soledade, Pedro Rodrigues Lima (1776), Alexandre (1777), Rita Maria da Soledade (1779), José Rodrigues Lima (1782), Simoa Maria da Soledade (1784), Francisco, Tereza, Antônio Diniz da Penha (1789), José, Manoel, José Gomes da Frota (1772), Caetana Gomes da Frota (1773), Manuel Vitoriano da Frota (1775), Joana Gomes da Frota (1776), Antônia Gomes da Frota (1778), Francisco Gomes da Frota (1779), Antônio Gomes da Frota, Inácio Gomes da Frota, Maria da Conceição Gomes da Frota (1781), Francisca Maria da Conceição Gomes (1783), Francisco Gonçalves Linhares (1811), Maria José de Andrade (1775) e Isabel de Andrade (1777).



Texto de Eugênio Pacelly Alves



Referências bibliográficas:

Genealogia sobralense. Disponível em: >(https://www.genealogiasobralense.com.br/linhares.php)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

Famílias endogâmicas do Vale do Acaraú. Disponível em: >(Famílias Endogâmicas do Vale do Acaraú (Instituto do Ceará))<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

Dionísio Álvares Linhares. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/K2MF-N75)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

Rufina Gomes de Sá. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/K2MF-NZM)<. Acesso em 28 de outubro de 2024. 

Capitão-mor Domingos da Cunha Linhares. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/KL77-4BH)<. Acesso em 01 de novembro de 2024. 

Dionísia Alves Linhares. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/KL77-H5N)<. Acesso em 01 de novembro de 2024.

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Entre a cruz e a estrela de Davi: A memória judaica nas famílias de Sobral e Groaíras

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A análise da presença judaica em Sobral e nas áreas vizinhas, assim como a ativação da economia de Sobral devido ao investimento judaico, é abordada pelo destacado historiador sobralense, Padre João Mendes Lira, que deixa saudades e é lembrado com carinho. 

Resumidamente, Lira mencionava que algumas famílias de Sobral e locais circunvizinhos eram descendentes de judeus conhecidos como "cristãos novos", oriundos de Portugal. Devido às constantes perseguições promovidas pelo Tribunal do Santo Ofício e pela Coroa Portuguesa, esses indivíduos foram forçados a se refugiar em outros lugares, incluindo o Brasil durante o período colonial. Além disso, Lira relatou diversos costumes e tradições de famílias em Sobral e Groaíras que mantinham estreitas conexões com o judaísmo, mas que foram ocultadas ao longo do tempo. Ele também revisitou acontecimentos trágicos do passado sobralense, resultantes da perseguição contra aqueles considerados de "sangue infecto".

O termo "Cristão Novo", conforme a perspectiva de Kaufman, refere-se a judeus que foram convertidos quase à força para evitar a morte, o exílio ou a perda de propriedade. Alguns foram acusados de "judaizar", ou seja, de praticar secretamente a religião de seus antepassados, o que resultou em acusações de apostasia em relação ao batismo. Entretanto, dentro da sociedade colonial, os preconceitos ainda eram predominantes. Existia uma estrutura social que diferenciava os cristãos-velhos, que eram católicos antes da conversão forçada dos judeus portugueses em 1497, dos cristãos-novos, que eram judeus convertidos recentemente e seus descendentes. Este sistema de distinção se manteve até o século XVIII. A ideia de "pureza de sangue" foi utilizada no século XVI para identificar aqueles que, racial e politicamente, se encaixavam no ideal do português branco e cristão-velho. Os descendentes dos cristãos-novos tinham restrições para entrar na carreira militar ou exercer cargos políticos.

De acordo com Pierre Bourdieu, as narrativas de vida não seguem um padrão de progresso linear, com um início, intermediários e um término. A realidade é fragmentada, composta por diferentes elementos sobrepostos, cada um singular e mais difícil de compreender, porque aparece de maneira aparentemente aleatória, sem planejamento. No entanto, não é impossível resgatar as narrativas de vida ao se abordar a memória e a identidade social, uma vez que ao se refletir ou mesmo recordar a memória de um grupo, é provável que se identifiquem características comuns e recorrentes ligadas ao seu passado.

A introdução da Inquisição no Brasil ocorreu em torno de 1591, quando o Tribunal de Lisboa fez sua primeira inspeção em Pernambuco e Bahia, impulsionada pela chegada substancial de cristãos-novos ao Brasil, muitos dos quais foram atraídos pelo crescimento acelerado da economia açucareira. Com algumas possíveis exceções, podemos dizer que esse período foi, inicialmente, caracterizado por uma certa calma, onde judeus e cristãos-novos podiam expressar sua fé em sinagogas caseiras improvisadas, permitindo que eles se casassem abertamente, livres das severas punições e proibições ligadas à contaminação ritual e sangue, frequentemente impostas por grupos religiosos mais conservadores e setores da população.

Portanto, é possível afirmar que o ambiente relativamente pacífico e a "livre" expressão de fé experimentada por alguns trouxeram uma sensação de liberdade, especialmente para os novos judeus que se converteram ao cristianismo, assim como para aqueles que não estavam interessados em praticar o judaísmo, mas que buscavam um lugar sereno para viver do outro lado do oceano.

É registrado na história que durante o século XVII, novas atividades dos agentes do Santo Ofício ocorreram no Brasil colonial, e é importante destacar como a Inquisição Moderna, predominante em Portugal e Espanha, possuía características únicas. Diferentemente da Inquisição Medieval, contava com uma estrutura fixa, um sistema organizado e hierarquizado de agentes que atuavam continuamente, equipados com estratégias cruéis. Nos séculos XVII e XVIII, as perseguições promovidas pela Inquisição atingiram seu auge em Portugal e no Brasil colonial.

Os agentes do Santo Ofício tinham a capacidade de fazer com que indivíduos delatassem qualquer pessoa, incluindo filhos, pais, avós, irmãos, amigos ou inimigos. Aqueles que tivessem qualquer proporção de “sangue impuro”, ou “sangue judeu”, estavam sempre em risco de serem presos e enviados a Lisboa para julgamento pelo crime de heresia judaica. Quanto a esse crime, podiam ser inocentes ou culpados – o Santo Ofício demonstrava maior interesse em capturar cristãos-novos do que hereges; se fossem convertidos, certamente eram considerados culpados – o judaísmo era visto, para os inquisidores, como algo que era transmitido através do sangue. O Tribunal “precisava de testemunhos”, requerendo longas filas de acusados nos autos de fé para que, como afirmou D. Luís da Cunha, justificassem o deplorável estado do Reino português. (GORENSTEIN, 2012, p. 01).

Não se tem clareza sobre quando exatamente a imagem do judeu começou a ser distorcida e marcada negativamente, em um movimento de antissemitismo que certamente evoluiu gradualmente ao longo de milênios. Esse desenvolvimento se baseou, em grande medida, na noção de uma separação essencial entre cristãos e judeus, como é possível observar nas escrituras do Novo Testamento da Bíblia Cristã. Assim, os judeus não se integravam facilmente nos grupos cristãos (principalmente católicos) em expansão, que se tornavam progressivamente mais dominantes e opressores.

É relevante mencionar que a Inquisição teve duas fases, a Medieval e a Moderna. Na sua etapa inicial, que abarcava países como Itália, França, Alemanha e Portugal, a inquisição medieval aplicava penalidades relativamente "mais brandas" em comparação aos horrores vistos em períodos posteriores da história. A excomunhão era uma penalidade comum, embora a tortura já fosse amplamente utilizada e permitida pelo papa desde 1252, como um meio para obter confissões. Na sua segunda fase, a Inquisição moderna ocorreu entre os séculos XV e XIX, especialmente em Portugal e na Espanha. Esses países desenvolveram métodos próprios de investigação, vigilância e tortura.

Os judeus não são um povo com um passado histórico definido, nem mesmo um grupo arqueológico. Eles são um povo que se relaciona com a geologia. Com suas fendas e colapsos, bem como camadas e magma ardente. Os registros dessa comunidade devem ser avaliados em uma escala de mensuração diferente. 

“Os Judeus”, Yehuda Amichai. (OZ, 2015, p. 121).

As sesmarias que foram concedidas a Antônio da Costa Peixoto, de origem portuguesa, e a Leonardo de Sá, da Olinda, em 1702, pelo capitão-general de Pernambuco, Dom Fernando Martins Mascarenhas de Alencastro, deram origem a um centro de atração, formando uma pequena comunidade ao redor da chamada fazenda Caiçara. Este é o embrião do que hoje conhecemos como Sobral, no Ceará, situada na margem esquerda do rio Acaraú. Entre 1731 e 1742, é provável que José de Xerez Furna Uchoa, um descendente de judeus e cristãos-novos, tenha se mudado para lá, após uma visita à Caiçara. Aproveitando a beleza do local, ele decidiu estabelecer-se na então vila de Januária, tornando-se proprietário de terras e alcançando considerável prestígio. Originário de Goiana, Pernambuco, que é um local de onde muitos colonizadores do Ceará se originam, José é filho de Francisco Xerez Furna, capitão e juiz de órfãos, e de Inês Vasconcelos Uchoa. Em 5 de abril de 1758, ele foi nomeado almotacé para atuar na freguesia da ribeira do Acaraú durante os meses de julho, agosto e setembro desse mesmo ano. 

No dia 26 de julho de 1758, foi eleito oficial da Câmara de Fortaleza para a mesma ribeira, assumindo o cargo de juiz ordinário da ribeira do Acaraú em 17 de agosto de 1758, com a responsabilidade de servir no ano seguinte. Como juiz de órfãos e vereador na Câmara, foi posteriormente nomeado capitão-mor das Entradas do Acaraú e capitão-mor das ordenanças. No entanto, ele enfrentou uma acusação de um rival, que o denunciou por ter ascendência de cristão-novo, alegando que sua família não tinha o valor que ele acreditava merecer. Essa acusação de "sangue impuro" reflete o racismo português no exterior. O caso de José de Xerez representa, de certa forma, a mentalidade no Ceará do século XVIII, influenciada pelos estatutos de limpeza de sangue que predominavam no mundo ibérico. Na verdade, na segunda metade do século XVIII, a "pureza de sangue" ainda era uma questão importante em Sobral, afetando aspectos da vida social, religiosa, econômica e militar. 

Contudo, isso não indica uma obsessão generalizada sobre o tema, que surgia em momentos mais específicos e pontuais. A questão da "limpeza de sangue" nas interações sociais em Caiçara, na capitania do Ceará Grande, expõe intrigas e disputas de interesses entre líderes locais em uma região remota. Assim, isso representa um aspecto de um fenômeno social e cultural gerado pela ideologia vigente do Santo Ofício, visto que, apesar de sua longínqua ascendência judaica (dez gerações) e cristã-nova (seis gerações), José de Xerez se comporta como um cristão genuíno. Isso se evidencia em sua vida pública com base na documentação disponível até o presente. Essa visão da vida portuguesa, observável nas instituições e na vida cotidiana das pessoas enquanto a distinção social criada pelo “mito do sangue puro” permanece, se estende além-mar, situa-se nas colônias e se propaga das áreas litorâneas para os interiores. (ALMEIDA, 2021, p. 169).

Além da participação nas câmaras e irmandades, era comum a obtenção de patentes. Normalmente, para conquistar essas patentes, os membros da elite redigiam cartas de solicitação e, através do Conselho Ultramarino, solicitavam essas honrarias. Eram cartas solicitando e confirmando os postos de capitães e coronéis. Como vimos no exemplo de José Xerez de Furna Uchôa, essas patentes podiam ser renovadas, ou os homens poderiam ser promovidos a outros cargos. Assim, uma elite robusta foi sendo formada, que exercia controle sobre a administração local e contava com o apoio da Coroa, simbolizado por essas concessões. OLIVEIRA, Adriana Santos de. Pecuária, agricultura, comércio: dinamização das relações econômicas no termo da vila de Sobral (1773-1799) – 2015, p. 115.

Segundo, no artigo “Senhores de terras e de gentes: os poderosos senhores das armas na capitania do Ceará (Século XVIII)”, José Eudes Arrais Barroso Gomes menciona que em uma Carta Patente datada de 2 de setembro de 1778, foi designado José de Xerez Furna Uchoa como Capitão-Mor de Ordenanças da Vila Distinta e Real de Sobral, pela Câmara, que o recomendou por seus laços com uma família de prestígio e possessões. Entretanto, dois anos depois, em 5 de outubro de 1780, a rainha D. Maria I recebeu em Lisboa uma representação de habitantes da Vila que faziam queixas sobre abusos e injustiças perpetradas por José de Xerez, que havia agido imprudentemente em suas funções, inclusive enfrentando o Escrivão da Câmara e o Tabelião, que se opuseram a ajudá-lo e a suas condutas. Os autores desse protesto solicitaram à rainha uma intervenção, ameaçando deixar o lugar, o que é uma forma de expressar o abandono da Vila, o que poderia resultar em um declínio na arrecadação de impostos que iam para a Coroa, revelando que os moradores da capitania cearense valorizavam os dízimos reais em nome de sua soberana. (Gomes, 2007: 296).

É provável que determinadas instituições de Sobral e sua área metropolitana tenham adotado valores e crenças disseminadas pela Coroa Portuguesa e pelo Tribunal do Santo Ofício Luso, que estiveram presentes até a metade do século XVIII em todo o Brasil colonial. É fundamental também investigar os aspectos obscuros da trajetória de Xerez, especialmente em Sobral. Como ele idealizou e administrou esses episódios e os reinterpretou dentro de uma realidade desfavorável aos cristãos-novos e judaicos, num ambiente de possível intolerância e penalização? É crucial analisarmos o comportamento negacionista e antissemita que Xerez frequentemente manifestou, provavelmente como uma estratégia de sobrevivência, ou por acreditar que sua ascendência judaica representava um grande fardo, um mal a ser eliminado à custa da negação de sua identidade e do apagar de sua pertença aos Cristãos-Novos.

Com uma vida que combina tradição e lenda, Branca Dias é vista como uma das ícones do Brasil Colonial e de Pernambuco. No século XVI, ela se destacou ao ser a primeira mulher portuguesa a fundar uma “esnoga” (sinagoga) em suas terras, a primeira “mestra laica de meninas” e uma das pioneiras como “senhora de engenho”. Denunciada por sua mãe e irmã, Branca foi aprisionada pela Inquisição nos Estaus de Lisboa. Ela chegou ao Brasil acompanhada de sete crianças, reunindo-se com seu marido, Diogo Fernandes, e residindo entre Camaragibe e Olinda, onde tiveram mais quatro filhos (ela também educou sua enteada, Briolanja Fernandes). Durante a primeira visita do Santo Ofício ao Brasil, no final do século XVI, os filhos e netos de Branca Dias foram presos sob a alegação de uma presumida reconversão ao judaísmo e enviados a Lisboa, onde sofreram penalidades em autos-de-fé.

Com base em registros, referências históricas e relatos orais sobre a colonização da antiga área de Riacho Guimarães, atualmente conhecida como Groaíras, por volta do século XVIII, surgem elementos interessantes devido às teorias e narrativas relacionadas a um dos primeiros colonos desse local, o cristão-novo Manoel Madeira de Matos, ancestral de algumas famílias que residem em Groaíras hoje. Ele uniu-se em matrimônio com uma filha de Antônio de Albuquerque Melo e Luzia Guimarães de Albuquerque Melo, que era neta do conhecido fundador de Groaíras, o Açoriano Alferes Lourenço Guimarães, também considerado cristão-novo. 

Além disso, dentro do acervo do Cartório de Ofícios e Notas e de Registros - Comarca de Groaíras/CE, existe um documento que certifica a doação realizada por Manoel Madeira de Matos e sua esposa Francisca de Albuquerque Melo de meia légua de terras em forma retangular, em um local denominado Lagoa de Santa Maria, nas margens do rio Acaraú, estendendo-se deste rio em direção à nascente, além da doação de sessenta vacas e sete animais de carga. O propósito dessa doação foi atender à exigência de criação do patrimônio da paróquia e a futura edificação da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no ano de 1884.




Texto adaptado por Eugênio Pacelly Alves



Referências bibliográficas:

Manoel Carrasco e Silva. Disponível em: >(https://www.geni.com/people/Manoel-Carrasco-e-Silva/6000000013764109057)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

ALMEIDA, Nilton Melo. Cristãos-novos, seus descendentes e Inquisição no Ceará. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2021.

OZ, Amós, & OZ-SALZBERGER, Fania. Os judeus e as palavras. Trad. George Schlesinger. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, Lisboa: Difel, 1989.

BOURDIEU, Pierre. O camponês e seu corpo. Rev. Sociol. Polít., Curitiba, 26, p. 83-92, 2006.

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2007.

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.

BOURDIEU, Pierre. O senso prático. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

GORENSTEIN, Lina. Ter origem judaica era sinônimo de culpa?. In: Revista de História da Biblioteca Nacional: Dossiê Inquisição. Ano 7, nº 73, outubro de 2011.

KAUFMAN, T. N. Passos Perdidos, História Recuperada. A presença judaica em Pernambuco. 4. Ed, Recife. Editora Bagaço, 2000.

OLIVEIRA, Adriana Santos de. Pecuária, agricultura, comércio: dinamização das relações econômicas no termo da vila de Sobral (1773-1799) – 2015. Publicado na dissertação de mestrado.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Genealogia de Manuel Vaz Carrasco de 1673 a 1780

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Manuel Vaz Carrasco, nascido aproximadamente em 1673, filho do Capitão Francisco Vaz Carrasco e Brites de Vasconcellos. Casou-se com Luzia de Sousa Vasconcelos, ela sendo filha de Sebastião Leitão de Vasconcelos e Ignez de Sousa. Desse matrimônio tiveram 03 filhos. São eles:

1. Maria de Goes Vasconcelos, nascida aproximadamente em 1697 e se casou com Nicácio de Aguiar e Oliveira, ele sendo filho de Nicácio Aguiar e Oliveira, assim como da Madalena de Sá. Desse matrimônio tiveram 03 filhos. São eles:

1.1. Antônio Vaz Carrasco, nascido aproximadamente em 1729 e se casou com Francisca Duarte Vieira, ela sendo filha do Capitão Inácio Dias Quaresma e Bernarda Duarte Pinheiro. Desse matrimônio tiveram 03 filhos. São eles:

1.1.1. Antônia

1.1.2. Antônio Carrasco Vieira

1.1.3. Antônio Duarte


1.2. Vicente Ferreira de Aguiar, nascido aproximadamente em 1744 e se casou com Maria da Conceição. Desse matrimônio tiveram 05 filhos. São eles:

1.2.1. Manoel Ferreira de Aguiar

1.2.2. Isabel Francisca da Conceição

1.2.3. Maria Victória do Nascimento

1.2.4. Miguel Arcanjo Bezerra

1.2.5. Vicente Bezerra Cavalcante


1.3. Nicácio de Aguiar e Oliveira, se casou com Tecla Rodrigues Pinheiro. Desse matrimônio tiveram 01 filho. É ele:

1.3.1. Nicácio de Aguiar e Oliveira


2. Sebastiana de Vasconcellos, nascida aproximadamente em 1708 e se casou com João Dias Ximenes de Aragão, ele sendo filho de Domingos San Thiago Montenegro e Lourença Aguiar Dias Ximenes. Desse matrimônio tiveram 06 filhos. São eles:

2.1. Ignácio de Aragão Osório, nascido aproximadamente em 1720 e se casou com Maria Francisca de Jesus. Desse matrimônio tiveram 07 filhos. São eles:

2.1.1. Felipe de Aragão Osório, nascido aproximadamente em 1748 e se casou com Bibiana Matildes da Silva, ela sendo filha de Manoel Nunes da Silva e Francisca das Chagas Coelho. Desse matrimônio tiveram 01 filha. 

2.1.2. Antônia Lourenço de Aragão, nascida aproximadamente em 1752 e se casou com o Capitão Aniceto Nunes da Silva, ele sendo filho de Manoel Nunes da Silva e Francisca das Chagas Coelho. Desse matrimônio tiveram 10 filhos. 

2.1.3. Thereza de Aragão Osório, nascida aproximadamente em 1760 e se casou com Miguel da Fonseca, ele sendo filho de Antônio Rodrigues da Fonseca Rêgo e Vicência Maria da Conceição. Desse matrimônio tiveram 03 filhos. 

2.1.4. João Oliveira de Aragão Osório, nascido aproximadamente em 1768 e se casou com Antônia Ximenes de Aragão, ela sendo filha do Capitão Tomé Ximenes Madeira de Vasconcelos e Margarida Nunes Barbosa.  

2.1.5. Bernarda de Aragão Osório, se casou com o Capitão Manoel Antônio dos Santos.

2.1.6. Escholástica de Aragão Ozório, se casou com José Martins de Oliveira Dias.

2.1.7. Maria José Barbosa


2.2. Capitão Tomé Ximenes Madeira de Vasconcelos, nascido aproximadamente em 1731 e se casou com Margarida Nunes Barbosa, ela sendo filha de Cypriano Barbosa Pereira e Beatriz Nunes Barbosa. Desse matrimônio tiveram 08 filhos. São eles:

2.2.1. Josefa Ximenes Madeira de Vasconcelos

2.2.2. Maria José da Conceição

2.2.3. Anacleto Francisco Ximenes de Aragão

2.2.4. Antônia Rita Ximenes de Aragão

2.2.5. João Ximenes de Aragão

2.2.6. Thomé Ximenes Madeira de Vasconcelos Filho

2.2.7. Sebastiana Inácia Ximenes de Aragão

2.2.8. Manoel José Ximenes de Vasconcelos


2.3. Manuel Ximenes de Aragão, nascido aproximadamente em 1747 e se casou com Antônia Maria da Páscoa, ela sendo filha do Capitão Jozé da Paschoa Lauretto e Maria Madeira Abrantes. Desse matrimônio tiveram 09 filhos. São eles:

2.3.1.  Maria Maximiana da Conceição

2.3.2. José Francisco Ximenes de Aragão

2.3.3. Rita Maria de Jesus Ximenes de Aragão

2.3.4. Theodora Ximenes de Aragão

2.3.5. Joaquim José Ximenes de Aragão

2.3.6. Raimundo Nonato Ximenes de Aragão

2.3.7. Francisco Ximenes de Aragão

2.3.8. Angélica Ximenes de Aragão

2.3.9. Margarida Ximenes de Aragão


2.4. Joaquim Ximenes de Vasconcelos, nascido aproximadamente em 1750.

2.5. Rita Maria do Monte do Carmo, nascida aproximadamente em 1751.

2.6. Joana Maria de Jesus, nascida aproximadamente em 1753 e se casou com José Marques.


3. Manuel Vaz da Silva, nascido aproximadamente em 1713 e em 1ª núpcia se casou com Maria Bezerra Montenegro, ela sendo filha de Felipe Bezerra Montenegro e Maria Montenegro.

Manuel, em 2ª núpcia se casou com Perpétua Ferreira da Penha, ela sendo filha do Major Francisco Ferreira da Ponte e Silva, assim como da Maria da Costa. Desse matrimônio tiveram 05 filhos. São eles:

3.1. Rosa, nascida aproximadamente em 1763.

3.2. José Ferreira Leite, nascido em 1767 em Sobral/CE e se casou com Albina Custódio Dorneles, ela sendo filha de Antônio Pereira Lima e Anna Maria de Jesus.

3.3. Francisco Manoel dos Santos, se casou com Francisca Bernarda de Oliveira, ela sendo filha de João de Oliveira Almeida e Ana Maria de Araújo. Desse matrimônio tiveram 01 filha. 

3.4. Manuel Vaz da Silva, se casou com Rosa Maria da Soledade, ela sendo filha de Feliciano Gomes e Ana Gomes da Soledade.

3.5. Rosa Maria da Encarnação, se casou com José Felipe de Carvalho, ele sendo filho de José de Carvalho e Ana Maria de Barros. Desse matrimônio tiveram 01 filha.



Texto de Eugênio Pacelly Alves



Referências bibliográficas:

Manuel Vaz Carrasco. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/L8GK-F55)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

Luzia de Sousa Vasconcelos. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/L6CL-HJ1)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

Maria de Goes Vasconcelos. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/L4QF-XLD)<. Acesso em 01 de novembro de 2024.

Sebastiana de Vasconcellos. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/G4QG-DC6)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

Manuel Vaz da Silva. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/L14T-57P)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Origem do sobrenome Arcoverde no Brasil

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O termo "Arcoverde" deriva de raízes indígenas, significando "árvore verde", em alusão à flora da área onde se encontra a cidade de Arcoverde, no estado de Pernambuco, Brasil.

Um dos indivíduos mais notáveis do sul do litoral potiguar foi André de Albuquerque Maranhão Arcoverde, conhecido por seus atos de violência na antiga Província. O nome André era comum entre seus familiares, incluindo seu avô, tio, primos e até mesmo seu filho, especialmente na transição do século XVIII para o XIX. Isso pode ser relacionado ao padre André de Soveral, uma figura relevante no massacre de Cunhau, que ocorreu no século XVII.

O sobrenome Arcoverde foi transmitido pela tetravó de André, uma índia tabajara que, ao se unir a Jerônimo de Albuquerque, passou a ser conhecida como Maria do Espírito Santo Arcoverde. A escolha desse sobrenome da família foi influenciada pelas revoltas nativistas e pelo crescente nacionalismo, que promovia sentimento de orgulho nacional. Ele morava em uma propriedade particular, onde fazia suas próprias leis. André poderia ter se tornado o vingador de seu tio homônimo, que foi considerado mártir em 1817. Em suas forças particulares, havia o negro Simplício, apelidado de "Cobra Verde", que estava sempre armado com uma arma chamada "Meio Berro". Cascudo afirmava que essa arma "havia matado uma novilha antes de terminar o berro que começara". Essa famosa espingarda do Estado, que passou por várias gerações, acabou no Instituto Histórico. Com seu cano serrado, muitos acreditavam que isso contribuía para sua precisão e poder letal.

É intrigante como uma arma desse tipo, uma carabina Minié, poderia já estar em uso durante o Cunhau na primeira metade do século XIX, visto que esse modelo de armamento foi desenvolvido com nova tecnologia balística em 1847, oferecendo um carregamento mais rápido. Ela chegou ao Brasil em 1857 e teve uso significativo na Guerra do Paraguai. O cano serrado tornava o uso mais prático para o atirador.

Olavo de Medeiros destacou o desejo de Arcoverde por modernizar sua produção de açúcar, adquirindo um engenho avançado. Isso o colocava à frente de seu tempo nesse aspecto. Por essa razão, ele tinha um grande interesse em terras férteis na área e almejava apoderar-se das propriedades de seus irmãos solteiros, José Inácio e Maria Cunhau, que não tinham filhos diretos. Ignorando as histórias em torno de sua figura, ele parecia ter um bom senso em seus investimentos.

No entanto, existem textos que afirmam que a linhagem Arcoverde tem suas origens na localidade de Arcoverde, situada no estado de Pernambuco, na parte nordeste do Brasil. Essa família é uma das mais antigas do Brasil, com raízes que remontam ao século XVI. A dinastia é reconhecida por sua contribuição à história brasileira, particularmente durante a época colonial. A família Arcoverde se destaca como uma das mais prósperas e influentes do Brasil. Ela possui significativas riquezas em vários segmentos da economia nacional, abrangendo as áreas financeira, imobiliária, agrícola e de mineração.

 

André de Albuquerque Maranhão Arcoverde

Coronel, originário de Canguaretama-RN, nasceu em 4 de maio de 1775 e morreu em 26 de abril de 1817. Um grande proprietário da usina Cunhau, investiu todo seu prestígio como um homem rico e influente na instauração do regime republicano. Quando a Revolução de 1817 irrompeu no Recife, um movimento com a República como um de seus principais objetivos, André de Albuquerque recebeu aconselhamento de José Inácio Borges, José da Capitania do Rio Grande do Norte. Inicialmente, ele cedeu; mas logo alterou sua posição, devido a suas afinidades com o movimento. O governador tentou, em vão, convencê-lo a desistir de seu ideal republicano, após uma longa conferência ocorrida no Engenho Belém, localizado próximo à cidade de Nísia Floresta.

Em 25 de março de 1817, ao retornar a Natal, o governador é cercado e preso por André e seu primo e cunhado do mesmo nome, à frente de 400 homens. A Revolução tem sucesso três dias depois, quando entram em Natal sem enfrentar resistência. No dia seguinte, uma junta provisória de governo é formada por coronel André de Albuquerque e pelo padre Feliciano José Dorneles, coronel Joaquim José do Rego Barros e outras figuras militares. Os holandeses afirmam unanimemente que André de Albuquerque foi responsável por sua própria queda, pois não colocou em prática nenhuma das ideias revolucionárias que defendia, isolando-se assim no poder. Ocorrem defecções em suas fileiras.

O CapitãoAntônio Germano, que fazia parte da junta, começa a promover a contrarrevolução nos quartéis. Em 25 de abril de 1817, um mês após o triunfo da revolução, o palácio é invadido, resultando na prisão de André de Albuquerque. Ele tenta se lançar pela janela do palácio, mas um militar o impede, e um oficial o fere com uma espada no abdômen por baixo da mesa; caído e com vísceras expostas, ele morre no dia seguinte, sem assistência médica. Seu corpo é amarrado a um tronco e levado para a cidade, sendo exposto à indignação pública. Nas ruas, a multidão grita vivas a D. João VI.

O capitão Antônio José Leite reivindica a responsabilidade pela morte do coronel, recebe uma condecoração e, mais tarde, a família Maranhão busca vingança. No Dicionário Biográfico de Pernambuco Célebres, de Francisco Augusto Pereira da Costa, há uma menção a uma versão que indica que ele teria nascido em Ericeira, Portugal, em 1621.

Reconhecido como general de cavalaria e herói, atuou no Brasil e depois na Europa. Seu avô materno também se chamava André de Albuquerque, era fidalgo da casa real, alcaide da vila de Igarassu, Pernambuco, e governador da Paraíba. Ele faleceu em Natal, em 26 de abril de 1817.



Texto de Eugênio Pacelly Alves



Referências bibliográficas:

O brigadeiro Arcoverde: o homem e a lenda. Disponível em: >(O brigadeiro Arcoverde: o homem e a lenda (Tribuna do Norte))<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

A trajetória da família indígena Arcoverde. Disponível em: >(A trajetória da família indígena Arcoverde (Jean Paul Gouveia Meira))<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

Qual a história e origem do sobrenome e família "Arcoverde"? Disponível em: >(Qual a história e origem do sobrenome e família "Arcoverde"? (Nomes e Sobrenome))<. Acesso em 01 de novembro de 2024.

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Zumbi dos Palmares e o Brasil que resiste: A história que precisamos reconhecer

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Durante o período de escravidão no Brasil, indivíduos negros procuravam lugares isolados para se esconder e viver em liberdade. Esses lugares foram denominados quilombos. A perspectiva da escravidão promovida pela narrativa “oficial” continua a influenciar a consciência coletiva, resultando em uma falta de reconhecimento apropriado da resistência e das lutas da população negra por parte da sociedade. Apenas com a promulgação da Constituição Federal em 1988, a temática quilombola começou a ser incluída nas orientações das políticas públicas do Governo Federal, em grande parte devido à articulação de grupos sociais. Entre as demandas das comunidades remanescentes dos quilombos, destaca-se a busca por títulos de propriedade da terra.

Impactados pela histórica concentração de terras no Brasil, os quilombolas batalham por sua autonomia. Para esse grupo, a terra significa muito mais do que um local de cultivo. Ela representa identidade, cultura, bens materiais e imateriais, além de conexões sociais. Dessa forma, a concepção de terra está fortemente ligada ao quilombo.


Zumbi dos Palmares

(Edilásio Cavalcanti)

Zumbi dos Palmares nasceu no Quilombo do Palmares, provavelmente em torno de 1655. Ele era neto da princesa negra Aqualtune e sobrinho de Ganga Zumba e Gana Zona, líderes das mais importantes comunidades do quilombo, que era composto por várias aldeias.

Seu nome, Zumbi, foi escolhido para invocar o deus da guerra. De acordo com a lenda, Zumbi foi educado por um padre que lhe proporcionou certa formação, mas, ainda na juventude, retornou ao convívio de seu povo.

Durante o período colonial do Brasil, desde o ano de 1600, diversos escravos que escapavam das plantações de açúcar já se abrigavam na serra da Barriga, hoje parte do Estado de Alagoas. Entre 1602 e 1608, duas expedições lideradas por Bartolomeu Bezerra chegaram até a serra sem sucesso em encontrar os fugitivos.

Em 1630, o quilombo já havia se estabelecido. Naquela época, Pernambuco estava sob controle holandês, e o conflito fazia com que mais escravos buscassem abrigo em Palmares, já reconhecido por esse nome.

Entre 1644 e 1645, foram realizadas expedições holandesas com a intenção de acabar com o quilombo, mas não obtiveram sucesso. Em 1654, os holandeses foram banidos do Nordeste, e a crise econômica reduziu a demanda por trabalho escravo. Nessa época, Palmares se estendia como uma larga faixa no setor norte do baixo rio São Francisco, atualmente no Estado de Alagoas.

Zumbi dos Palmares cresceu livre no quilombo. Ele só conhecia a escravidão através das histórias aterrorizantes contadas pelos mais velhos, que falavam das mortes nos porões dos navios e da opressão nas casas de escravos. Ele se casou com a guerreira Dandara, com quem teve 03 filhos.

De um simples abrigo para escravos fugitivos, Palmares evoluiu para um núcleo de resistência contra o sistema escravista. Apesar do comércio próspero entre Palmares e os colonos locais, a tranquilidade era passageira. Os proprietários de terras não poderiam permitir que os quilombos incitassem a fuga de escravos.

Entre os anos de 1671 e 1674, foram organizadas duas expedições contra o quilombo, mas elas tiveram pouca eficácia. Em 1675, com a invasão liderada por Manuel Lopes, foi revelada a ampla região de Palmares, onde existiam mais de duas mil construções protegidas por estacas. Nas batalhas que se seguiram, Zumbi foi atingido por projéteis duas vezes, mas persistiu em sua luta. Sua fama e coragem começaram a se transformar em um mito.

Em 1677, Fernão Carrilho, que foi enviado pelo governador de Pernambuco, Pedro de Almeida, atacou a povoação de Aqualtune. Ganga Zumba e a maior parte de seu povo conseguiram escapar. Depois de uma sequência de triunfos, Carrilho fundou um assentamento na área central de Palmares.

Em 1678, Ganga Zumba enviou para Recife três de seus filhos juntamente com mais doze homens negros com um mensageiro do governador, buscando estabelecer um acordo de paz. Palmares alcançou o reconhecimento como vila, e Ganga Zumba se tornou o mestre-de-campo. Zumbi não aceita o tratado de paz criado por Ganga Zumba; para ele, a luta vai além da liberdade pessoal, incluindo a libertação dos que ainda estão escravizados. Recebeu a ajuda de diversas comunidades. Ganga Zumba perde influência, é envenenado, e Zumbi se torna o novo líder militar, enfrentando várias batalhas sangrentas.

Em 1691, o bandeirante Domingos Jorge Velho, liderando mais de mil homens, ataca o mocambo do Macaco, onde Zumbi liderava a resistência. Após vários confrontos, Zumbi foge para Porto Calvo. Em 1694, um novo ataque arrasa o quilombo. Sob o comando de Zumbi e fortificados na serra da Barriga, os quilombolas lutam até a morte.

Zumbi dos Palmares é preso em 20 de novembro de 1695, após ser traído por um prisioneiro que trocou sua liberdade pela dele; ele é decapitado e sua cabeça levada para Recife, onde, a mando do governador, é exposta publicamente.

Em tributo a Zumbi, o Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro.

  


Texto de Eugênio Pacelly Alves



Referências bibliográficas:

Quilombolas no Brasil. Disponível em: >(https://cpisp.org.br/direitosquilombolas/observatorio-terras-quilombolas/quilombolas-brasil/)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

Quilombo. Disponível em: >(https://genealogiapratica.com.br/2022/08/22/quilombo/)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

Zumbi dos Palmares Francisco. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/about/GQLV-5V4)<. Acesso em 01 de novembro de 2024.