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A família Capuxú da Serra dos Côcos, citada em três
importantes obras literárias - Reminiscências (1995), Os Moreira Frota de
Ipueiras/CE (2000) e Maria Acauã (2020) - é uma das mais
importantes da história do Ceará.
Suas histórias, legados e trajetórias são descritas de diferentes
maneiras por autores de diferentes gerações e com diferentes perspectivas sobre
a influência da família na região de Ipueiras ao Curtume, no Ceará.
Cada um dos livros oferece uma visão única, abrangendo tudo, desde o
contexto histórico até aspectos culturais e tradições preservadas ao longo dos
anos. Escrito em 1995 por Temóteo Ferreira Chaves, Reminiscências é um
livro de memórias que explora as raízes e parte da origem da
família Capuxú ao longo dos séculos, especialmente durante o período colonial e
imperial do Brasil. Os autores do livro Maria Acauã, são descendentes da
família e procuraram através de entrevistas e pesquisas nos arquivos da
família, preservar a memória de seus antepassados e destacar o papel na Serra
dos Cocos para o desenvolvimento da região.
No livro Maria Acauã, a família Capuxú é descrita como uma das pioneiras
na colonização da Serra dos Cocos, com os patriarcas da
família Pedro José de Carvalho e Maria Madalena Chaves, era área de difícil
acesso na serra e rica em recursos naturais. Segundo os autores Edson e Eugênio, os Capuxús desempenharam um papel
fundamental no estabelecimento de operações agrícolas, tanto de pecuária como
de subsistência, e ajudaram a moldar as bases econômicas e sociais da região.
Evoca também os desafios da família em momentos de adversidades, como a grande
seca que marcou a história do interior, bem como os conflitos
fundiários e as disputas políticas típicas da época. Já Temóteo Ferreira
Chaves, destacou o caráter empreendedor dos Capuxú que, apesar de todas as
dificuldades impostas pelo meio ambiente e pelos aspectos sociais naquela
época, conseguiram prosperar e estabelecer fortes laços com outras famílias
importantes da região, como os Moreira Frota e Ferreira. Gomes.
O segundo livro que menciona a família Capuxú, “Os Moreira Frota de
Ipueiras/CE”, escrito por Frota Neto em 2000, trata principalmente da história
da família Moreira Frota, mas dedica capítulos inteiros à estreita relação
entre esta família e uma descendente da família Capuxú, a de
nome Maria Capuxú. As duas linhagens estiveram intimamente ligadas ao longo dos
séculos, não só através do relacionamento conjugal, mas também através de
parcerias comerciais e alianças políticas. Frota Neto, menciona ainda a
influência da família Capuxú e Moreira Frota, lembrando que os Capuxú, com sua
posição estratégica na Serra dos Cocos, facilitaram o desenvolvimento de rotas
comerciais para o comboio de produtos agrícolas e pecuários da serra ao Curtume
feito de pé por pessoas e animais. Outro ponto forte do livro é a ênfase na
aliança matrimonial entre as duas famílias, que consolidaram o poder entre
Capuxús e Moreira Frota em diferentes esferas da sociedade ipueirense.
Por fim, “Maria Acauã”, escrita por Edson Carlos Alves e Eugênio Pacelly
Alves em 2020, traz uma abordagem mais contemporânea e literária da família
Capuxú. Embora a obra tenha como foco principal a personagem Maria Acauã,
mulher mítica e forte que simboliza a luta e resistência das mulheres do
interior do Ceará, a família Capuxú é apresentada como um pilar histórico da
contação de histórias. Os autores utilizam a figura dos patriarcas da família
Capuxú para representar a força e a resistência das famílias tradicionais do
interior, enfrentando inúmeras dificuldades, desde a seca severa
até os desafios da modernização e industrialização da região.
A Serra dos Cocos, onde se estabeleceram os Capuxú, apresenta-se como um
lugar mítico e quase mágico, com marcas de gerações de batalhas e
conquistas.
Em Maria Acauã, a família Capuxú é representada como protetora das
tradições ancestrais, ligada à terra e à cultura do interior. A narrativa
combina elementos históricos com o imaginário popular, criando um ar de
mistério saindo do estado de Pernambuco até a chegada na Serra dos Cocos. Os
autores destacam a ligação espiritual dos Capuxú com a natureza e a cultura do
nordestino, descrevendo rituais, festas e crenças transmitidas de geração em
geração.
A obra também trata da época do coronelismo do século XVIII nas famílias
tradicionais do interior do país, incluindo os Capuxú. A modernização trouxe
desafios e rupturas, e os Capuxú, embora continuem a ter uma presença
significativa na região até a fazenda Curtume, começaram a enfrentar problemas
relacionados com a migração dos mais novos descendentes para outras regiões
mais distantes, como a fazenda Diamante, a perda de terras e a chegada de novas
famílias poderosas. No entanto, a obra Maria Acauã celebra a cultura, a
história sobre os Capuxús e a sua capacidade de adaptação aos tempos modernos
sem perder o contato com as suas raízes.
Os três livros – Reminiscências, os Moreira Frota de Ipueiras/CE e Maria
Acauã – apresentam perspectivas complementares sobre a importância da família
Capuxú na Serra dos Cocos, na região de Ipueiras até a fazenda Curtume, no
Ceará. Enquanto Temóteo Ferreira Chaves faz um relato histórico e pessoal da
fundação e crescimento da família, Frota Neto explora a genealogia,
os laços políticos e econômicos dos Moreira Frota com outras famílias
influentes da região, como a família Capuxú.
Por outro lado, Edson Carlos Alves e Eugênio Pacelly Alves fazem uma
abordagem literária e simbólica, enfatizando a ligação espiritual e cultural
da família com a terra e as tradições nordestinas.
Texto de Eugênio Pacelly Alves
Referências bibliográficas:
CHAVES, Temóteo. Reminiscências. Nova Russas, 1995.
Os Moreira Frota de Ipueiras. Disponível em: >(Frota Neto - Livro - Os Moreira Frota de Ipueiras)<. Acesso em 17 de agosto de 2024
Maria Acauã. Disponível em: >(Maria Acauã, por Edson Carlos Alves e Eugênio Pacelly Alves - Clube de Autores)<. Acesso em 17 de agosto de 2024
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