Tudo começa com o trabalho genealógico na família Saturnino que são descendentes da família Capuxú da Serra dos Côcos, dos patriarcas Maria Acauã e José Capuxú. Lembro-me como se fosse ontem. Em 2019, viajei de Fortaleza para Nova Russas com um objetivo claro: registrar as datas e nomes completos dos parentes enterrados nos cemitérios da cidade. O dia de finados pareceu-me a ocasião ideal, pois além de homenagear a memória dos familiares, poderia também entrevistar aqueles que ainda residiam no concelho e nas suas localidades.
Foi o início de uma viagem genealógica que, ainda hoje, continua a revelar histórias fascinantes. A viagem que mudou tudo e chegando em Nova Russas, rapidamente percebi o quanto era importante preservar a história da família Saturnino.
A cada nome gravado nas lápides, um pedaço da nossa história foi preservado. Mas foi durante uma visita a Ipaporanga, conhecendo os descendentes de Jorge Saturnino e Balbino Saturnino, que nasceu a ideia de criar algo ainda maior. Durante uma conversa com uma tia trisavó, surgiu a proposta de fazer um projeto ousado: criar a literatura de Cordel da família.
A família Saturnino é grande e cheia de história – algumas sombrias, outras engraçadas e cheias de curiosidades. Isso nos deu inspiração para iniciar um cordel, uma forma tradicional e poética de contar a história da família, não apenas para registrá-la, mas também como forma de arrecadar fundos para continuar o trabalho de pesquisa e preservação da história da família.
Naquela época, eu ainda não entendia o propósito do projeto que estava assumindo. Porém, hoje sei que o que começou como uma simples ideia se tornou uma missão que vai além da simples recuperação de dados: é uma forma de conectar gerações e manter viva a memória dos nossos antepassados. Desafios da recuperação da história da família. Atualmente nós desenvolvemos 03 cordéis da família, são eles: Quem foi seu Jorge? A pintura da gratidão e Gritos malassombrados.
A jornada genealógica não é fácil. Requer dedicação, paciência e, muitas vezes, sacrifício financeiro. Para quem está pensando em iniciar um projeto parecido, seja escrever um livro ou criar uma obra cultural como o Cordel, um conselho importante: esteja preparado para assumir muito investimento. A verdade é que cerca de 2% dos filhos de um parente próximo contribuem financeiramente para estas conquistas. Essa porcentagem pode parecer assustadora, mas não deixei que isso nos desencorajem. Qualquer apoio recebido, por menor que seja, é apreciado. E o retorno, mesmo que muitas vezes não seja imediato, vem em forma de gratidão, de agradecimento e sobretudo de preservação de um legado que pode ser transmitido às gerações futuras.
O valor da história da família, a genealogia não se trata apenas de descobrir quem foram os nossos antepassados, mas também de compreender de onde viemos e como as suas experiências moldaram quem somos hoje. Documentando a história da família Saturnino, percebi que não estava apenas escrevendo um livro, mas criando uma ponte entre o passado e o futuro. Cada descoberta, seja uma nova história ou um parente desconhecido, também enriquece o sentimento de pertencimento e de identidade familiar.
Como iniciar sua jornada genealógica?
Se você, leitor, está pensando em embarcar em uma jornada genealógica semelhante, aqui estão algumas dicas que aprendi ao longo do caminho:
1. Comece com a entrevista
Converse com os parentes mais velhos. Eles são fontes vivas de informações valiosas. Anote tudo, desde nomes completos até histórias engraçadas ou dramáticas que você ouvir.
2. Registre tudo
Mantenha um diário ou use ferramentas digitais para organizar suas descobertas. Plataformas como o FamilySearch são ideais para armazenar dados genealógicos e criar árvores genealógicas.
3. Visite cemitérios
Isso pode parecer mórbido, mas visitar cemitérios onde seus antepassados estão enterrados é uma das maneiras mais eficazes de obter informações precisas sobre datas e nomes completos.
4. Não tenha pressa
O trabalho genealógico leva tempo. Muitas vezes você pode passar dias sem encontrar novas informações, mas paciência é fundamental.
5. Forneça apoio financeiro, mas esteja preparado para fazer tudo sozinho. Como eu disse antes, a ajuda financeira de entes queridos pode ser escassa. Em seguida, prepare um plano para financiar suas próprias pesquisas e projetos.
O trabalho genealógico da família Saturnino começou de forma simples, mas foi crescendo com o tempo. A criação do cordel foi um passo importante nesse processo, representando não só a história familiar, mas também o esforço coletivo para manter vivas essas memórias. Ao iniciar sua jornada, lembre-se que você pode estar sozinho, mas cada descoberta é uma vitória.
Texto de Eugênio Pacelly Alves
Nota:
O texto não possui referência bibliográfica por se tratar de um relato descritivo do pesquisador genealógico Eugênio Pacelly Alves.
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