A
Proclamação da República marca um momento decisivo que culminou na criação de
uma república no Brasil em 15 de novembro de 1889. Essa mudança ocorreu através
da colaboração entre civis e membros das forças armadas insatisfeitos com a
monarquia.
Os
militares expressavam insatisfação com os seus baixos salários e as limitadas
oportunidades de avanço na carreira, além de reivindicarem liberdade para
opinar politicamente, que era reprimida pelo governo monárquico. As novas
classes sociais estavam descontentes pela ausência de representação no governo
da monarquia. Movimentos sociais começaram a exigir maior participação nas
eleições. Além disso, a luta pela abolição da escravatura fortaleceu ainda mais
o movimento republicano. Esses setores se uniram em uma revolta que resultou na
derrubada da monarquia e na saída da família real do Brasil.
A
insatisfação entre os militares estava relacionada à organização das carreiras
nas forças armadas. Diante disso, eles começaram a pedir melhorias nas suas
condições de trabalho como forma de reconhecimento pelos seus esforços na
guerra do Paraguai. Suas principais solicitações incluíam aumentos salariais e
melhorias no sistema de promoções.
Outra
importante fonte de descontentamento estava ligada à participação do Exército
Brasileiro na política. Os militares se consideravam defensores do Estado
brasileiro e buscavam a liberdade para expressar suas opiniões sobre assuntos
políticos. Um acontecimento significativo aconteceu em 1884, quando o oficial
Sena Madureira foi punido por apoiar os abolicionistas no Ceará.
A monarquia
também tentava restringir os militares, impondo limites à sua liberdade de
expressão tanto na imprensa quanto nas instituições militares. Além disso,
havia uma crescente demanda entre os militares para que o Brasil se tornasse um
Estado laico. O descontentamento no âmbito das forças armadas convergiu em
torno da ideologia positivista.
Influenciados
por essa filosofia, os militares passaram a exigir que a modernização do Brasil
ocorresse sob um governo republicano com uma postura autoritária. Eles acreditavam
ser fundamentais eleger um líder capaz de conduzir o país à modernidade, mesmo
que isso envolvesse desconsiderar a vontade popular. A política durante o
II Reinado sempre foi complexa, especialmente em razão da rivalidade entre
conservadores e liberais. Essa situação se agravou com a crise de representação
insuficiente em algumas províncias. Ao final do século XIX, o centro econômico
do país se deslocou do Nordeste para o Sudeste.
A
província de São Paulo já se afirmava como o principal centro econômico do
Brasil, mas suas elites estavam insatisfeitas com a escassa representação
política que possuíam. Em contraste, outras províncias, como o Rio de Janeiro e
a Bahia, que enfrentavam dificuldades econômicas, contavam com uma
representação política significativa.
Essa
situação provocou descontentamento nas classes mais elevadas de São Paulo em
relação à monarquia, elucidando, por exemplo, a causa pela qual a província
tinha o partido republicano mais forte durante o II Reinado, denominado
Partido Republicano Paulista (PRP).
Além
disso, a representação da sociedade dentro do sistema político era inadequada.
As cidades expandiam-se e novas classes sociais emergiam. Esses novos grupos
desejavam uma maior participação na política nacional, no entanto, a resposta
foi totalmente contrária. Os liberais lutavam pela ampliação do sufrágio para
reduzir o poder dos conservadores e dos grandes proprietários rurais, mas os
conservadores conseguiram fazer aprovar a Lei Saraiva em 1881.
Nesse
cenário, havia descontentamento em diversos níveis sociais em relação à
monarquia. Grupos de elites ascendentes, militares, políticos, classes
populares e pessoas escravizadas começaram a criticar o governo monárquico.
Todos esses sentimentos de descontentamento se transformaram, em determinado
momento da década de 1880, em uma conspiração.
Durante
essa década, manifestações públicas tornaram-se comuns, e as críticas ao
imperador aumentaram. Um ataque ao transporte do imperador, que ocorreu em
julho de 1889, levou o império a impor restrições às manifestações a favor da
república, mas o Brasil seguia um caminho sem volta, visto que o número de
descontentes era considerável.
Em
novembro de 1889, a conspiração avançava e incluía indivíduos como Aristides
Lobo, Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa e Sólon Ribeiro, entre
outros. O apoio do marechal Deodoro da Fonseca, uma figura militar influente e
o primeiro presidente do Clube Militar, era fundamental para os conspiradores.
No dia 10
de novembro, os apoiadores da mudança se uniram a Deodoro para persuadi-lo a
ingressar no movimento. Nos dias subsequentes, começaram a circular rumores
sobre a conspiração, e no dia 14 de novembro, informações falsas sobre a
monarquia foram divulgadas para conquistar mais apoio.
O
movimento contra a monarquia continuou no dia 15, quando o marechal Deodoro da
Fonseca e suas tropas se deslocaram para o quartel-general no Campo do Santana.
A proposta era remover o Visconde de Ouro Preto da presidência do gabinete
ministerial. O visconde se afastou do cargo e, sob ordens de Deodoro da
Fonseca, foi detido. Enquanto isso, o marechal esperava que o imperador
formasse um novo governo e até prestou homenagens a D. Pedro II antes de
retornar à sua residência. A queda do ministério não encerrou os acontecimentos
de 15 de novembro, e as movimentações políticas continuaram. Os republicanos
decidiram convocar uma sessão extraordinária na Câmara Municipal do Rio de
Janeiro para realizar a Proclamação da República.
No
decorrer desses acontecimentos, houve uma tentativa de oposição sob a liderança
de André Rebouças e do Conde d’Eu, que era aliado da princesa Isabel, mas essa
iniciativa não obteve sucesso. D. Pedro II ainda acreditava que tudo seria
resolvido de maneira rápida, mas essa expectativa não foi cumprida.
A
Declaração da República trouxe alterações significativas na trajetória do
Brasil. Os emblemas nacionais passaram por mudanças, e novos símbolos, como
Tiradentes, emergiram.
Texto de Eugênio Pacelly Alves
Referências bibliográficas:
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Relembre como e por que aconteceu a proclamação da república. Disponível em: >(Relembre como e por que aconteceu a Proclamação da República - Secretaria da Educação do Estado de São Paulo)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

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