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O fato retrata um tempo de intensas lutas no
interior do Ceará durante a era colonial, enfatizando o conflito entre duas
proeminentes famílias: os Feitosas e os Montes. Com a ampliação e exploração do
território cearense, especialmente nas áreas mais isoladas, o poder se
concentrou nas mãos de grandes proprietários de terras, que, graças às suas
riquezas, tornaram-se indivíduos influentes. Essas famílias exerciam controle
total sobre os locais onde habitavam, frequentemente utilizando a força e a
intimidação para sustentar sua dominância, já que a presença do governo central
era escassa devido à distância e aos desafios de comunicação.
A família Feitosa, que tem suas raízes em Portugal,
inicialmente residiu em Alagoas e Pernambuco antes de se mudar para o Ceará por
volta de 1707. Conquistaram vastas extensões de terra na região dos Inhamuns e
se tornaram conhecidos criadores de gado. Em contraposição, os Montes, que
vieram de Alagoas e Sergipe, firmaram residência na área de Icó por volta de
1682 e também adquiriram grandes propriedades. No começo, essas famílias
formaram uma aliança para combater os indígenas, mas essa união logo se desfez,
dando origem a violentos conflitos entre elas.
Durante a administração de Manoel Jaime da Fonseca,
que foi capitão-mor em 1715 por patente régia e Salvador Alves da Silva em 1717
por patente régia também, a luta por terras na parte sul da capitania aumentou.
Dois colonizadores se destacaram por sua riqueza: o capitão-mor Geraldo do
Monte, dono de terras nas margens do rio Jaguaribe, e Lourenço Alves Feitosa,
apelidado de “o comissário”, que dominava terras mais ao norte, na região dos
Inhamuns. Quando Francisco Alves Feitosa explorou as terras dos indígenas Jucá
e descobriu vastas áreas que antes eram controladas por eles, Geraldo do Monte
apressou-se em solicitar uma sesmaria, a qual foi concedida. Contudo, Monte
nunca tomou posse de tais terras e, seis anos depois, Feitosa conseguiu anular
a doação, alegando que Monte havia abandonado a terra. Este episódio deu início
a uma série de confrontos armados entre os dois clãs.
Entre 1724 e 1725, os Feitosas e os Montes se
envolveram em diversos conflitos sangrentos, provocando grande descompasso na
região. A violência se tornou uma constante, abrangendo saques, emboscadas e o
assassinato de indígenas, vaqueiros e gado, além de incêndios e destruição de
propriedades. Ambas as famílias contavam com exércitos particulares formados
por indígenas e mamelucos, prolongando o conflito por um período extenso.
O conflito se tornou mais complicado quando José
Mendes Machado, conhecido como Tubarão, que ocupava o cargo de ouvidor no
Ceará, decidiu apoiar os Feitosas. Ele deu permissão para ataques contra os
Montes, o que gerou um desentendimento com o capitão-mor Manuel Francês e com a
Câmara Municipal de Fortaleza. Depois de várias batalhas e massacres em regiões
como os rios Salgado e Jaguaribe, assim como em áreas dos Inhamuns, surgiram
nomes de localidades que ainda recordam esses acontecimentos, como Arraial,
Pendência, Batalha e Sítio Defuntos.
O governo central buscou intervir e, em 1725, Manuel
Francês mandou que as famílias Feitosa e Monte entregassem suas armas, sob
ameaça de execução e confisco de bens. Embora essa ordem tenha sido acatada,
cerca de 400 pessoas já haviam perdido a vida, e as consequências do conflito
não foram devidamente avaliadas, com os proprietários terratenentes escapando
de qualquer penalidade.
A situação de Geraldo do Monte permanece indefinida,
enquanto Francisco Feitosa, ciente da possibilidade de ser preso, fugiu para o
Piauí, de onde deu ordens para eliminar diversos membros da família Monte. Os
Montes saíram do conflito em ruínas, enquanto os Feitosas conseguiram preservar
seu poder e continuaram a exercer influência na região nos anos seguintes.
Esse episódio demonstra como a falta de um governo
forte e a concentração de poder nas mãos de alguns permitiram que disputas
familiares se transformassem em grandes conflitos armados, com escassa
intervenção do governo e sérias consequências para a população local.
Origens das famílias e a ocupação dos Inhamuns
Os Inhamuns constituem uma região semiárida no Ceará que atraiu numerosos imigrantes em busca de áreas para a agricultura e a criação de gado. A família Feitosa, vinda de origem portuguesa, chegou ao local durante o período colonial e rapidamente se firmou como um dos grupos mais influentes da capitania do Ceará.
Por outro lado, a família Montes, também de ascendência portuguesa, se estabeleceu na mesma localidade e começou a competir pelo controle das terras, gerando descontentamento com os Feitosa. Com a liberação das sesmarias, a rivalidade entre as duas famílias aumentou, já que ambas lutavam para ampliar suas posses e manter o domínio sobre as terras mais férteis.
As sesmarias e a luta pelo poder
Durante a era colonial, as sesmarias eram concedidas pela Coroa Portuguesa a indivíduos influentes que mostrassem aptidão para povoar e explorar economicamente as terras. Esse sistema favoreceu intensas disputas entre aqueles que pleiteavam as mesmas áreas. Os Feitosa e os Montes travaram batalhas físicas para assegurar seus domínios.
Existem relatos de confrontos violentos, emboscadas e alianças estratégicas que envolviam essas famílias, frequentemente contando com o suporte de outros grupos e autoridades locais. Os Montes, por exemplo, tentaram formar coligações com outras famílias influentes da época para enfraquecer os Feitosa, que já tinham uma significativa presença política e militar na área.
Texto de Eugênio Pacelly Alves
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